PROIBIR O CULTIVO DA SOJA SAFRINHA OU INVESTIR EM TECNOLOGIA PARA VIABILIZAR O CULTIVO DA SEGUNDA SAFRA DE SOJA?

Diante das incertezas de mercado e das questões técnicas (quanto a proliferação das pragas e doenças), ainda no decorrer de 2013 os produtores já se questionavam em relação ao que plantar na safrinha de 2014, conforme publicado em artigo aqui: (http://www.noticiasagricolas.com.br/noticias/agronegocio/132608-safrinha-de-2014–milho-ou-soja–qual-a-melhor-opcaorrr–por-valdir-edmar-fries.html#.U349MvldVyU )

Pois bem, o texto é longo, mas necessário, … Seguindo, …quando janeiro de 2014 chegou, os preços do milho pago aos produtores Paranaenses ainda beiravam o preço minimo, oscilando de preço na casa dos R$ 17,00 a saca, e o soja num patamar de R$ 60,00 por saca.

Por uma questão de mercado, muitos produtores de diversas regiões produtoras optaram pelo plantio da soja em parte da área cultivada, no entanto, poucos produtores se aventuraram a cultivar apenas a soja na safrinha.

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Em muitas áreas, a cultura do milho e da soja safrinha foram cultivados lado a lado. Neste caso das imagens acima, dos 130 ha cultivados, 124 hectares foram plantados com safrinha de MILHO, com inicio de plantio no dia 29 de janeiro/14, já a área cultivada com a soja é de apenas 6 hectares, plantada no dia 28 de janeiro/14 com o propósito de observar não somente o potencial produtivo, mas principalmente os custos de produção da soja cultivada na safrinha…

Devemos lembrar que no final dos anos 80 e inicio dos anos 90 com a crise da triticultura, sem opção econômica de cultivo de inverno, além do cultivo de milho safrinha, muitos produtores do Paraná passaram a cultivar soja safrinha, porém o cultivo da soja não prosperou porque as variedades eram de ciclo mais longo,  e não houve na época um investimentos em pesquisa para buscar novos materiais de cultivares de soja que se adequasse a um segundo plantio, o que levou os produtores a abandonar a alternativa do cultivo da soja safrinha no noroeste do Paraná, ao contrário do que aconteceu com o cultivo do milho safrinha…

A cultura do milho, de menor custo de cultivo na época, despertou o interesse da iniciativa privada em investir e desenvolver cultivares de milho mais resistente ao acamamento das plantas e principalmente cultivares mais precoces com maior potencial produtivo, o que possibilitou a longo dos anos a viabilidade econômica do segundo plantio do milho, hoje sendo considerado por muitos como “safrona”.

Neste ano de 2014 o produtor voltou a buscar novas alternativas, e uma das opções foi cultivar lavoura de soja sobre soja, ou seja, em área que foi colhida a lavoura de soja verão, o produtor planta uma nova lavoura de soja na sequencia.

Esta pratica requer atenção redobrada por parte do produtor, uma vez que os riscos de incidência de pragas e doenças podem se proliferar já no estágios de desenvolvimento inicial das plantas, o que obriga o produtor a realizar os tratos culturais a qualquer sinal de incidência (tratamento quase que preventivo), para que se tenha um controle efetivo, do contrário os gastos com os defensivos podem aumentar significativamente os custos da produção, além de comprometer a produtividade com a proliferação das doenças.

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Com muitas lavouras de soja em fase de maturação e até áreas de soja já colhidas, o debate em relação a restrição da liberdade de se cultivar a soja na safrinha, ou de até se proibir o plantio da soja safrinha veio a público, devido a questão de segurança da sanidade vegetal da cultura.

No caso desta lavoura de soja (das imagens acima), instalada e já colhida no noroeste do Paraná, o controle de pragas e doenças ficou dentro do normal que acontece com as lavouras da primeira safra, tanto é que foi possível controlar as pragas com quatro aplicações de inseticidas, sendo que a praga que mais preocupou inicialmente foi a proliferação da mosca branca, já em relação as doenças, o controle feito na forma preventiva, foram realizadas três aplicações de fungicidas, uma para doenças de final de ciclo, e duas com produto mais especifico para a ferrugem…

Os custos foram compatíveis, e as perdas se deram não por pragas e doenças, mas sim pela estiagem e a alta temperatura que aconteceu no decorrer do mês de fevereiro, que acabou comprometendo o desenvolvimento vegetativo, no entanto a frutificação/granação foi de excelente qualidade… O que leva a crer que ao menos no Estado do Paraná, a simples posição de se proibir o cultivo de soja na segunda safra não deve ser medida a ser tomada, até porque o sudoeste do Estado tem por tradição o cultivo da soja na segunda safra destinada a produção de sementes, com bons resultados ao longo dos anos.

O Estado do Mato Grosso tem tomado posições, e segundo acompanhamento técnico do MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO o plantio pode até ser proibido a partir do final de dezembro de cada ano. Não acompanhei de perto a questão do Mato Grosso, mas acredito que a simples proibição não seria a melhor das alternativas, uma vez que o produtor precisa de uma cobertura vegetal sobre o solo, e analisando em termos de ataque de pragas, a mesma lagarta que ataca a soja, ataca também o milheto e outras culturas… Restando no caso do cultivo da soja safrinha a preocupação com a proliferação da ferrugem, e neste caso o LEI já determina um calendário especifico em que o produtor rural deve realizar o VAZIO SANITÁRIO por um determinado período.

Ao que se sabe, tanto os produtores de Mato Grosso, Goias e do sul do país, mesmo cultivando soja safrinha, conseguem respeitar o calendário, até porque hoje a tecnologia desenvolveu cultivares de soja mais precoces, o que permite realizar a colheita da segunda safra de soja antes do inicio do período do vazio sanitário. No caso no noroeste do Paraná, este período do vazio sanitário é de 15 de junho a 15 de setembro de cada ano.

Muito vem se falando e debatendo em termos de sanidade vegetal da soja na segunda safra, o que não deixa de ser prioridade,  mas deixo um ALERTA… O mais importante nestas alturas do debate não deve ser a simples proibição do cultivo, mas sim despertar o interesse do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento em realizar novos investimentos na pesquisa, até porque nos últimos anos o MAPA não tem priorizado investimentos na pesquisa.

Ou melhor dizendo, devemos fazer com que nossas lideranças passem a COBRAR DO GOVERNO FEDERAL maiores investimentos junto a EMBRAPA para realização de pesquisa na melhoria genética das sementes de soja, desenvolvendo plantas mais resistentes a determinadas doenças… Novas moléculas de defensivos a serem liberadas e adequar o manejo a uma tecnologia, poderemos sim viabilizar o cultivo da soja safrinha, como foi possível viabilizar o cultivo do milho.  No decorrer de todos estes 20 que se cultiva milho safrinha, pudemos observar um grande investimento por parte da iniciativa privada para se obter excelentes materiais de cultivares que hoje estão no mercado.

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A pesquisa genética deve ser uma constante para se obter plantas cada vez mais produtivas e sadias… a imagem acima demonstra o potencial produtivo das espigas e a sanidade das folhas de duas variedades de milho distintas, plantadas em um mesmo dia, com a mesma tecnologia de adubação e tratos culturais, isto prova que com a realização de investimentos em pesquisa é possível desenvolver materiais genético cada vez mais resistentes às doenças fúngicas e bacterianas.

Seja na safrinha de soja ou no cultivo da safrinha de milho, o produtor rural deve ter é CONSCIÊNCIA DOS RISCOS e RESPONSABILIDADE NO CONTROLE DAS PRAGAS E DAS DOENÇAS que venham a atacar suas lavouras, para que não comprometa o seu empreendimento… Do mais o que precisamos é cobrar investimentos do GOVERNO FEDERAL para a EMBRAPA desenvolver suas pesquisas. 

Por Valdir Edemar Fries.

Sobre valdirfries

Téc. Agropecuário - 1980; Extensionista Rural da ACARPA/EMATER-Pr entre os anos 1981 a 1987, com serviços prestados nas regiões de UNIÃO DA VITÓRIA, CURITIBA, PATO BRANCO. Na região de MARINGÁ trabalhou mais especificamente na RECUPERAÇÃO E CONSERVAÇÃO DE SOLO E ÁGUA - responsável téc. a nível de campo na implantação da adequação das estradas rurais nos municípios de FLORESTA E ITAMBÉ - Pr, concluindo os trabalhos do sistema de microbacias integradas em 100 % da área territorial dos dois municípios); PLANEJAMENTO E ASSESSORIA AGROPECUÁRIA - 1987 a 1996 em áreas do Estado do Paraná e do MATO GROSSO (Nova Mutum, Lucas do Rio Verde e Sorriso); Secretário de agricultura e meio ambiente de Itambé - Paraná de 1988 a 1996; PLANEJAMENTO E ASSESSORIA PÚBLICA a partir de 1996, Com especialização na elaboração de planos de trabalho dos programas de governo; SICONV; De 1997 a 2010, realizou o acompanhamento e tramitação de processos de convênio de Municípios Paranaense junto aos Ministérios de Estado em Brasilia. PRODUTOR RURAL EM ITAMBÉ - PARANÁ; A partir de 2008, tem se dedicado principalmente nas atividades da produção agrícola, e na edição de artigos relacionados ao AGRONEGÓCIO BRASILEIRO. Tem participado constantemente de Seminários e Fóruns de Debates do setor produtivo, e em manifestações públicas em defesa dos interesses dos Produtores Rurais em atividades além da porteira, sempre em busca de garantir e promover o desenvolvimento econômico e social do AGRONEGÓCIO BRASILEIRO.
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